O porteiro do Colégio São Francisco de Assis, em Juazeiro do Norte, no Ceará, Antônio Pereira, conhecido como “Toim”, foi surpreendido com um presente de Natal antecipado após uma mobilização que envolveu pais de alunos, ex-alunos e funcionários da instituição onde trabalha há 27 anos. O grupo organizou uma vaquinha que arrecadou mais de R$ 9 mil para a compra de uma moto nova.

Ao todo, 180 pessoas contribuíram com doações espontâneas, sem valor mínimo estipulado. O montante arrecadado foi suficiente para adquirir uma moto do tipo “cinquentinha”, pagar o emplacamento e ainda garantir recursos extras para alguns tanques de gasolina. A entrega do presente se transformou em um evento que mobilizou o bairro Franciscanos e ganhou repercussão nas redes sociais.

A comemoração contou com uma carreata formada por dezenas de veículos, além de balões, apitos e fogos de artifício. A moto foi levada em um guincho, conduzido pelo pai de um aluno da escola. Sob aplausos, Antônio subiu no veículo para receber o presente, em um momento marcado por emoção e celebração coletiva. As informações são do G1 Ceará.

“No dia da entrega tava todo mundo chorando, todo mundo feliz demais, fazendo festa, buzinando muito na rua. Foi literalmente uma festa pra ele”, contou ao G1 a farmacêutica Yasmin Macedo, mãe de aluno e uma das participantes da mobilização.

A ideia da vaquinha surgiu no fim de novembro, a partir de uma iniciativa da lojista Cleia Ferreira, que compartilhou a proposta com outros pais. A campanha se espalhou rapidamente pelas redes sociais e alcançou também ex-alunos da escola — alguns deles, hoje, pais de estudantes da instituição. “Hoje tivemos a oportunidade de agradecer e retribuir ao porteiro da escola dos nossos filhos o amor e carinho que ele tem por cada um de nós”, diz um vídeo de homenagem divulgado pelo grupo. “Obrigada por cada sorriso sincero todos os dias de manhã, obrigado por cada risada, cada conversa, cada abraço em nossos filhos”.

Segundo Yasmin Macedo, Antônio utilizava uma moto antiga, que apresentava problemas frequentes e, recentemente, havia quebrado novamente, sem que ele tivesse condições financeiras de arcar com o conserto. Diante disso, a adesão à proposta foi imediata. Em pouco mais de duas semanas, o valor necessário foi arrecadado. “A adesão foi quase 100% dos pais. Os que puderam fazer a sua doação fizeram de coração aberto, a gente não estipulou nenhum valor, quem doou, doou o que tinha e podia. Então, os pais, eles se comoveram justamente por reconhecer quem é essa pessoa, quem é Antônio”, afirmou.

Funcionário mais antigo da escola, que atende alunos do ensino infantil ao ensino médio, Antônio conquistou ao longo dos anos a confiança e o carinho da comunidade escolar. Pais e ex-alunos destacam a atenção com as crianças, a simpatia no trato diário e a memória afetiva construída com gerações de estudantes.

“Sempre o vimos tratar as crianças muito bem, os pais muito bem, sempre com sorriso sincero, sempre com carinho, sempre preocupado, tem relato de ex-alunos que foram pra casa, com ele indo deixar em casa, porque estava doente e o pai não podia ir buscar. Então, ele sempre foi essa pessoa de coração nobre, coração gigante e super atencioso”, relatou Yasmin, que também é ex-aluna da instituição.

Inicialmente, a arrecadação foi feita por meio de grupos de WhatsApp, mas ganhou força durante eventos escolares, como a celebração de Natal. Quando o grupo alcançou mais de R$ 7 mil, foi até uma loja da cidade para comprar a moto escolhida, mas descobriu que o modelo havia sido vendido. Ao tomar conhecimento da história, o proprietário ofereceu um modelo mais moderno e se comprometeu a arcar com a diferença como forma de doação.

A entrega oficial ocorreu no dia 13 de dezembro, nas proximidades da Basílica de São Francisco. Antônio foi chamado à escola sob o pretexto de uma reunião de funcionários e acabou surpreendido ao sair do prédio. “Assim que ele chegou do lado de fora, nós já vínhamos dobrando a esquina. E aí foi aquele momento de emoção. Alguns pais conseguiram estacionar o carro ali na lateral e foram andando e gritando, apitando, todas as crianças também com apito, fazendo aquela festa e gritando o nome dele”, relatou Yasmin.

Segundo os organizadores, Antônio percebeu que algo estava acontecendo nos dias anteriores, mas não imaginava o que seria. “Ele só sabia agradecer a todo mundo. Agradecia a todos os pais por confiar nele, por estar no caminho daquela festa pra ele. Ele dizia que não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo na vida dele”, relembrou.