
Nascido em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, a 120 km de Salvador, Edson Gomes é hoje um ícone da música brasileira. Considerado o maior nome do reggae nacional, o artista completa 70 anos nesta quarta-feira (3), celebrando uma trajetória marcada por resistência, consciência social e amor à música.
Antes de se tornar referência no gênero que transformou sua vida, Edson sonhava em ser jogador de futebol. Foi aos 16 anos, ao conquistar o primeiro lugar em um festival estudantil com a canção “Todos Devem Carregar Sua Cruz”, que o destino musical se impôs com força. A partir dali, a música falou mais alto — e o jovem Edson mergulhou de vez na carreira artística, mesmo enfrentando dificuldades que o levaram a abandonar os estudos para ingressar no mercado de trabalho.
Em 1982, parte para São Paulo, onde trabalhou na construção civil enquanto dava os primeiros passos profissionais na música. Seu talento logo chamou atenção: venceu o Festival Canta Bahia como melhor intérprete e conquistou o Troféu Caymmi com a canção “Rasta”.
Foi em 1988 que Edson Gomes gravou seu primeiro disco, “Reggae e Resistência”, pela gravadora EMI. O álbum revelou seu primeiro sucesso nacional, a romântica “Samarina”, e consolidou seu estilo: um roots reggae engajado, com forte influência de Bob Marley e Jimmy Cliff. Em 1990, lançou “Recôncavo”, seguido por “Campo de Batalha” (1992), ampliando sua base de fãs pelo Nordeste e todo o Brasil.
O ápice de sua popularidade veio em 1996, quando abriu o show do astro internacional Alpha Blondy, em Salvador, para um público de 22 mil pessoas — o maior evento de reggae do ano na Bahia.
Outros álbuns marcantes viriam, como “Resgate Fatal” (1995), que emplacou a faixa “Isaac”, e “Apocalipse” (1999), com canções contundentes como “Camelô”, “O País é Culpado” e a faixa-título. Edson também explorou seu lado romântico em composições como “Perdido de Amor”, regravada pela Timbalada, “Amor Sem Compromisso” e “Me Abrace”.
Mesmo sem apoio da grande mídia, Edson Gomes construiu uma carreira sólida e independente, com uma legião de fãs fiéis que enxergam em suas letras uma voz para os dramas sociais da população negra e periférica. Em 2001, lançou o álbum “Acorde, Levante e Lute”, seguido pelo registro ao vivo em Salvador, gravado no Wet’n’Wild em 2005, seu primeiro CD e DVD ao vivo.
Hoje, ao completar sete décadas de vida, Edson Gomes segue sendo a voz da resistência, um cronista musical das lutas e esperanças do povo. De Cachoeira para o mundo, sua música continua viva e necessária.
Texto: Reizimare Lordelo